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A criação de um novo Self - Winnicott nas redes sociais.

Homem com 3 faces
Eu, eu mesmo e o falso eu.

A criação de um novo Self - Winnicott nas redes sociais.

Como as redes sociais influenciam nossa identidade? Neste artigo, analisamos o conceito de Self e Falso Self de Winnicott e sua relação com o mundo digital.


Neste mundo atual, virtual, 3.0, que flerta com inteligências artificiais menos artificiais e multiversos, é impensável imaginar nossa vida sem a internet, gadgets e tudo que nos facilita a vida, como uma nova invençõa da roda. Mas não só isso, vivemos em um mundo onde grande parte da nossa identidade é moldada e expressa no ambiente digital. Já falei em outro artigo aqui no blog sobre o superego e o ego virtual e agora quero olhar especificamente sob o olhar de Winnicott e do falso self.


Segundo Donald Winnicott, renomado psicanalista britânico, a construção da identidade humana se dá por meio do Self, que seria o verdadeiro Eu e do Falso Self  que é uma adaptação ao meio para evitar rejeição. Quando aplicamos esse conceito ao universo digital, percebemos que a presença online segue um processo semelhante ao desenvolvimento da identidade na infância.

Quero explorar como a criação de perfis nas redes sociais reflete os conceitos de Winnicott, mostrando como nos tornamos "bebês digitais" ao entrar nesse novo mundo virtual.



O Bebê e o Usuário Iniciante: O Início do Self Digital


Quando um bebê nasce, ele ainda não sabe diferenciar seu Eu do ambiente ao redor. Entendemos que ele depende do olhar materno (ao qual se considera como um só) para reconhecer sua existência e entender quem ele é. Esse processo, que Winnicott chama de espelhamento materno, ocorre quando a mãe reflete para o bebê suas expressões e emoções, ajudando-o a formar uma identidade própria. Então neste momento o bebê é o que a mãe reproduz para ele.

Agora, pense em alguém criando um perfil em uma rede social pela primeira vez. Essa pessoa, assim como um bebê, precisa do olhar do outro para se perceber e validar sua existência digital. Como se dá o "nascimento" virtual? Os primeiros likes, comentários e interações funcionam como o espelhamento materno: indicam ao usuário recém concebido como ele é visto e aceito pelo novo ambiente.

Esse eu postulo como o primeiro estágio do Self Virtual – a construção da identidade digital baseada nas respostas do meio e é a partir dele que nos posicionamos virtualmente e não ao contrário. Obviamente podemos entrar em uma rede social com um intuito definido, porém se há uma constância nas interações, o meio começa a interferir modificando o sujeito, gosto de exemplificar com Psicologia das Massas de Freud.


A Formação do Self e a Influência do Ambiente


Para Winnicott, a construção de um True Self (Self Verdadeiro) acontece quando o ambiente permite que a criança expresse suas necessidades e sentimentos de forma autêntica, sem precisar se moldar para agradar, se o ambiente não se adequa ao bebê ele não sobrevive e se ele se molda ao ambiente, ele deixa de ser.

Nas redes sociais, isso equivaleria a um usuário que posta de forma espontânea, sem medo do julgamento, compartilhando suas opiniões e experiências reais.

No entanto, a realidade digital é mais desafiadora. Assim como na infância, onde uma educação repressora pode levar ao desenvolvimento de um Falso Self, o ambiente das redes sociais cria um espaço onde o indivíduo sente que precisa se adaptar para ser aceito.


O Falso Self Digital: A Máscara nas Redes Sociais


O Falso Self, segundo Winnicott, se desenvolve quando a criança aprende a se moldar às expectativas dos outros para garantir aceitação e evitar rejeição, lembrando que rejeição do meio para o bebê significa a não-existência ou eventualmente a morte. Esse mecanismo de defesa impede que o verdadeiro eu se expresse plenamente, criando uma identidade baseada no desejo do outro.


Agora, vamos aplicar isso ao mundo digital:

📌 O frenesi do usuário quando percebe quais tipos de postagens recebem mais engajamento e a necessidade de validação;

📌 Ajusta seu conteúdo para seguir tendências e ganhar validação, deixando ou evitando expor a si de uma maneira natural, pois o seu Eu comum não é agradável ou atrai a atenção.

📌 Começa a moldar sua identidade online para atender às expectativas do público e atingir o objetivo que é a superaceitação que é líquida, fugaz.


Aqui, o Falso Self Digital está formado – um perfil construído para impressionar, muitas vezes distorcendo a realidade ou criando uma persona artificialmente perfeita. Não se trata, deixemos claro, de uma persona, não é uma criação, mas sim uma despersonalização inconsciente do microcosmo individual para orbitar um outro astro, em um universo virtual e utópico.


Essa desconexão pode gerar problemas como:

Ansiedade e comparação social: Ver outras vidas "perfeitas" e sentir-se insuficiente.

Dependência de validação externa: Medir valor pessoal pelo número de curtidas e seguidores.

Dificuldade de expressão autêntica: Medo de rejeição ao mostrar vulnerabilidades.


Quando o Falso Self Digital Se Torna um Problema?


Enquanto um Falso Self pode ser funcional para a adaptação social, para a interação e até mesmo profissionalmente, ele se torna prejudicial quando a pessoa se desconecta completamente do verdadeiro Self. Ou seja, quando o usuário acredita mais na sua persona digital do que na sua identidade real e transporta aquilo tudo para o real, sofrendo por não poder ser o que é no virtual na sua "vida de vigília". O falso self virtual não se sustenta no mundo real e isso traz angústia.


📌 Sinal de alerta: Quando alguém começa a viver apenas para sustentar a imagem virtual que criou, mesmo que isso gere sofrimento.

Esse fenômeno pode ser observado em influenciadores e usuários que precisam manter uma aparência inatingível de felicidade e sucesso, gerando desgaste emocional. Vou usar um exemplo recente de fevereiro de 2025 onde Winderson Nunes, talvez um dos maiores influenciadores ou nominalmente mais conhecidos se internou em uma clínica para cuidar da mente. Não sabemos o real motivo, mas é fato que ele vem enfrentando ao longo dos anos uma grande batalha pela sua saúde mental. O fato de ter se internado liga um sinal de alerta vermelho em qualquer profissional de saúde, pois denota mais que um sofrimento, mais profundo que uma depressão, é um alerta de estágio final, é um pedido de socorro para que a mente mantenha o corpo vivo.


Como Reencontrar o True Self no Mundo Digital?


Se Winnicott defendia que um ambiente seguro permite o desenvolvimento de um True Self saudável, então a chave para um uso mais equilibrado das redes sociais está na autenticidade e no equilíbrio, mas não só isso: se algo te incomoda, afaste-se por um tempo ou permanentemente. Isso não é rejeição, chama-se auto cuidado, amadurecimento.

Dicas para preservar o Self Verdadeiro no digital: Poste com espontaneidade: Compartilhe o que realmente faz sentido para você, sem pensar apenas no engajamento. Desconecte-se periodicamente: A vida offline fortalece a identidade real. Evite comparações irreais: Lembre-se de que o Falso Self digital é uma construção, não uma verdade absoluta. Pratique a autorreflexão: Pergunte-se: "Isso sou eu ou o que os outros esperam de mim?"

Faça terapia: ninguém é obrigado a ser super herói, ou fingir ser. Peça ajuda.


Entre o Self Digital e o Mundo Real


As redes sociais se tornaram um novo campo de experimentação da identidade, onde o verdadeiro Self e o Falso Self digital coexistem. Assim como na psicanálise winnicottiana, é essencial encontrar um equilíbrio que permita a expressão genuína sem se perder na idealização do olhar do outro.


O desafio contemporâneo é manter-se conectado com a própria essência, sem se tornar refém de um personagem virtual. A pergunta que fica é: o que há de verdadeiro no seu perfil digital? Já percebeu como molda sua identidade nas redes?



 
 
 

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A clínica foi planejada para o acolhimento das pessoas que precisam de cuidado. Terapia individualizada, grupo ou casal. Sessões seguras com psicanalistas experientes. Abordamos ansiedade, depressão, traumas e muito mais.  

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