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Superego Digital: Como a Internet Molda Nosso Ego e Impõe Novos Padrões Psíquicos


homem no cyber espaço
Superego virtual

O Superego Digital: Como a Internet Molda Nosso Ego e Impõe Novos Padrões Psíquicos


Faz algum tempo que eu tenho falado sobre o inconsciente virtual, mas também cabe me questionar dentro desta teoria qual o papel do superego (SuperEu) que se molda por uma virtualidade. A internet e os meios digitais não apenas transformaram a maneira como nos comunicamos, mas também alteraram profundamente a estrutura psíquica do indivíduo.


No meu campo que é a psicanálise, o Superego é aquela instância responsável por nossos comportamentos e julgamentos morais regulares, impondo regras, censuras e ideais, bem como novos ideais. Hoje, esse Superego não se forma apenas da família, da cultura e das instituições sociais tradicionais — ele é alimentado pelo digital de uma forma voraz, bestial, trazendo novas exigências e modelos de comportamento que impactam através da construção do Ego e que são utópicos de intangível se imaginarmos até as criações e interações de IA.

Neste singelo artigo, quero aprofundar meus argumentos em como a internet cria um Superego Digital , intensifica a auto cobrança e impacta a psique, muitas vezes levando ao sofrimento mental insuportável.


O Superego na Psicanálise e Sua Evolução Digital


Para os leigos ainda, Freud descreveu o Superego como uma instância psíquica que internaliza as normas sociais e morais. O Superego (ou SuperEu) se formou na infância, a partir da relação com os pais e outras figuras de autoridade, funcionando como uma voz interna que dita o que é certo ou errado.


Com o avanço da internet e das redes sociais, essa “voz interna” não é mais apenas um reflexo da educação tradicional , mas também das interações digitais. O novo Superego não vem apenas da família, mas de algoritmos, influenciadores, bolhas sociais e padrões inatingíveis de sucesso e felicidade.


Esse Superego Digital opera de formas distintas, como:

Autocensura e policiamento do discurso: medo de cancelar ou ser cancelado.

Padrões inalcançáveis ​​de vida, corpo e sucesso: comparação constante e insatisfação.

Exposição e necessidade de validação externa: curtidas e seguidores como moeda social.


Agora imaginemos que a infância da época de Freud seja contemplada por um espaço de tempo e a infância que temos hoje pode ser mais elástica, com seres humanos mais infantis por mais tempo?

1. O Superego Digital e a Cultura da Exposição


Nas redes sociais, o olhar do outro é constante. Esse Superego Digital impõe regras sobre como devemos nos comportar, o que devemos consumir e até o que devemos pensar. Isso resulta em: 🔹 Medo de errar: autocensura e recebimento de opinião.

🔹 Ansiedade social digital: necessidade de se mostrar sempre perfeito.

🔹 Busca incessante por acessível: a vida vivida para os outros, não para si mesmo.


2. A Ditadura do Algoritmo e o Ego Manipulado

Diferente do Superego tradicional, que surge da convivência social, o Superego Digital é moldado por algoritmos. O que vemos na internet não é neutro: cada interação é experiência para o algoritmo e isso cria um ambiente onde o Ego é constantemente manipulado, levando a: 🔹 Reflexos condicionados: respostas emocionais programadas por padrões digitais.

🔹 Polarização e extremismos: reforço de ideias sem reflexão crítica.

🔹Perda da autonomia psíquica: comportamento moldado pelo algoritmo e obviamente por desejos de outras pessoas em vender algo ou uma ideia.


O Ego, ao invés de ser fortalecido e estruturado, torna-se refém de aprovações externas e regras invisíveis. Nem mesmo os criadores do algoritmo estão incólumes, pois se tornam também seus reféns identificando como criação da perfeição.


3. O Superego do Cancelamento: O Novo Tribunal Virtual

A internet também fortaleceu um novo tipo de tribunal moral, onde o indivíduo habita na cultura do cancelamento, e isso também é uma forma extrema do Superego Digital.

A dinâmica funciona assim:

✅ Um erro ou opinião controversa gera ocorrência imediata.

✅ O indivíduo é julgado publicamente e recebe proteção social (exclusão, ataques, boicotes). ✅ O Superego Digital internaliza esse medo, gerando ansiedade e autocensura.


A psicanálise mostra que o Superego atua punindo o Ego, gerando sentimentos de culpa de forma massificada, pública e permanente. Então ser cancelado por outra pessoa se torna uma espécie de sentença por um crime que muitas vezes nem existiu. Mas a sensação de pertencimento atua como fiel da balança.

4. O Impacto na Saúde Mental: Culpa, Ansiedade e Depressão

A imposição de um Superego Digital hipercrítico tem consequências graves para a saúde mental, como:

  • Aumento de transtornos de ansiedade e depressão.

  • Sensação de inadequação e fracasso constante.

  • Fadiga digital e necessidade compulsiva de aprovação.


Como Freud aponta em O Mal-Estar na Civilização , a civilização impõe restrições ao desejo, gerando sofrimento. No mundo digital, essas restrições são invisíveis, mas onipresentes , tornando a experiência psíquica ainda mais desgastante.


5. Como Romper com o Superego Digital?

Embora escapar completamente da influência digital seja impossível, é possível fortalecer o Ego e minimizar os impactos negativos

✔️ Autoconhecimento: Terapia psicanalítica pode ajudar a identificar como a internet influencia sua identidade. Óbvio que essa seria uma resposta, mas não a única. Conhecer afundo quem cada um é evita que os outros te definam como eles querem que você seja.

✔️ Consumo digital consciente: Questione os conteúdos e as regras implícitas que regem sobretudo a internet e as redes sociais. Se é grátis, o produto é você. 

✔️ Exposição controlada: Reduzir o tempo nas redes sociais e valorizar conexões reais.

✔️ Aceitação do erro: Lidar com falhas e opiniões sem medo do julgamento público.


Reconstruindo um Ego Sólido na Era Digital

O Superego não é um vilão, mas nem de longe é o mocinho. Ele é necessário, porém tem que ser adequado e saudável. O Superego virtual é um reflexo do Ego Virtual, que construímos baseados em falácias e mentiras que nos são indicados nas redes sociais. É um evento novo. Anteriormente era comum a criação de avatares, uma espécie de Selfie, o que hoje em dia não cabe mais. A psicanálise nos ensina que, para escapar dessa armadilha, é necessário fortalecer a identidade fora do olhar digital, encontrar equilíbrio

Afinal, quem somos quando ninguém está olhando ? IA


Assinatura Matheus Ussam
Matheus Ussam é psicanalista, professor e comunicólogo com especialização em Psicanálise e Teologia.

 
 
 

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A clínica foi planejada para o acolhimento das pessoas que precisam de cuidado. Terapia individualizada, grupo ou casal. Sessões seguras com psicanalistas experientes. Abordamos ansiedade, depressão, traumas e muito mais.  

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