Desvendando o Narcisismo: Da Tendência Inata às Feridas Narcísicas
- Matheus Ussam
- 15 de jan. de 2024
- 3 min de leitura

Desvendando o Narcisismo: Da Tendência Inata às Feridas Narcísicas
No complexo mundo da psicanálise, o narcisismo surge como um fenômeno fascinante. Este artigo "Desvendando o Narcisismo: Da Tendência Inata às Feridas Narcísicas" busca explorar a dualidade do narcisismo, desde sua presença desde o nascimento até as complexidades das feridas narcísicas, sob o olhar aguçado da psicanálise.
Comecemos com a natureza inata do Narcisismo: De acordo com as teorias psicanalíticas, todos nascemos com uma tendência narcísica. Extamente TODOS NÓS nascemos com esta tendência. O bebê, inicialmente, vive em um estado centrado em si mesmo, dependendo dos cuidadores para atender às suas necessidades. É um estágio necessário para o desenvolvimento saudável, onde a atenção sobre si mesmo é vital para a sobrevivência. No início não entendemos que somos separados de nossas mães, entendendo que somos um ser só. Não há concepção de prazer fora do corpo e a mãe e o bebê são um só. Nesta concepção, o bebê chora quando tem algo errado e, do nada, tem o incômodo saciado, sem entender que necessita de um agente externo, o meio. Então o prazer (em ter os incômodos findados) é simples, basta que chore e tudo se resolve.
O Narcisismo Como Doença: No entanto, quando a busca por gratificação narcísica não evolui adequadamente (aquele sentimento que é só chorar que consegue as coisas) podemos testemunhar a manifestação de um narcisismo patológico. Este se caracteriza por uma busca incessante por validação externa, uma visão inflada do self (uma visão irreal e grandiosa de si mesmo) e uma incapacidade de desenvolver empatia genuína pelos outros. O narcisista não se importa com a dor ou sofrimento do outro se aquela satisfação inata depender do ônus de outra pessoa. Fazendo uma analogia o narcisista é como um vampiro dos livros de Bram Stoker, pouco importa o outro, o negócio é satisfação própria. Cuidado para não confundir com uma pessoa egocêntrica ou com um psicopata, o egocêntrico quer tudo para si, é um egoísta, mas isso não impede de ter empatia, já o psicopata não possui sentimento de qualquer forma. O narcisismo refere-se a um padrão persistente de grandiosidade, necessidade de admiração e falta de empatia que começa na idade adulta jovem e se manifesta em diversas situações. Existem diferentes formas de narcisismo, desde características consideradas normais até transtornos de personalidade, como o Transtorno de Personalidade Narcisista (TPN). Vamos abordar alguns aspectos e como reconhecer sinais de narcisismo:
1. Narcisismo Normal:
Autoestima Saudável: Ter um senso de autoestima e valor próprio é saudável. No entanto, quando isso se torna excessivo e está associado a uma visão inflada de si mesmo, pode indicar narcisismo.
Procura por Reconhecimento: Buscar reconhecimento e validação é comum, mas quando se torna uma necessidade constante e desproporcional, pode sugerir traços narcísicos.
2. Narcisismo Patológico (Transtorno de Personalidade Narcisista):
Grandiosidade: Um senso exagerado de importância pessoal.
Fantasias de Sucesso Ilimitado: A pessoa pode ter fantasias de poder ilimitado, beleza, ou amor ideal.
Exploração Interpessoal: Pode explorar os outros para atingir seus próprios objetivos, com uma falta de empatia pelos sentimentos e necessidades dos outros.
Necessidade Excessiva de Admiração: Uma constante necessidade de admiração externa.
Falta de Empatia: Dificuldade em reconhecer ou identificar-se com os sentimentos e necessidades dos outros.
Inveja e Crença de que os Outros São Invejosos: Pode acreditar que os outros estão com inveja deles e, ao mesmo tempo, sentir inveja dos outros.
Comportamento Arrogante ou Altivo: Um comportamento arrogante ou altivo é comum.
Como Reconhecer:
Padrões Recorrentes: Observar padrões recorrentes de comportamento ao longo do tempo.
Relacionamentos Interpessoais: Dificuldades em manter relacionamentos saudáveis e estáveis.
Empatia Limitada: Falta de empatia e consideração pelos sentimentos dos outros.
Reação à Crítica: Uma reação intensa à crítica, frequentemente respondendo com raiva ou desdém.
Busca Constante por Validade Externa: Uma constante busca por validação externa e admiração.
Importante: É fundamental lembrar que, embora algumas características narcísicas possam ser normais, o transtorno de personalidade narcisista implica em um padrão inflexível e prejudicial de comportamento. O diagnóstico deve ser feito por um profissional de saúde mental qualificado.
E as Feridas Narcísicas?
As feridas narcísicas surgem quando a busca por reconhecimento e amor encontra obstáculos. Críticas constantes na infância, falta de validação emocional ou traumas podem resultar em feridas profundas no eu. Essas feridas moldam a psique, influenciando padrões de relacionamento, autoestima e comportamento. Características Gerais:
Falta de Empatia Parental: Em ambos os casos, a falta de empatia ou validação dos cuidadores é fundamental para o desenvolvimento dessas feridas.
Impacto nas Relações Interpessoais: As feridas narcísicas podem afetar a capacidade de formar relacionamentos saudáveis, levando a padrões de comportamento prejudiciais.
Autoimagem Fragilizada: A autoimagem pode ser instável, com uma busca contínua por validação externa devido à falta de uma base interna sólida.
Explorar o narcisismo à luz da psicanálise revela nuances profundas da condição humana. Ao compreendermos a interação entre a tendência narcísica inata e as feridas narcísicas, abrimos portas para o autoconhecimento e a busca por relacionamentos mais saudáveis. Este é um convite para desvendar os intricados caminhos da psique humana, explorando a complexidade do eu e a jornada em direção à cura emocional.
Procure terapia psicanalítica!
Psicanalize-se!
Matheus Ussam Psicanalista IA
Comentários