Psicanálise: Processos de cura
- Matheus Ussam
- 5 de set. de 2023
- 3 min de leitura

Os processos de cura, na psicanálise como em qualquer outro método terapeutico podem variar e desmembrar em muitas vertentes e caminhos, mas dentro do processo de análise costumamos estimar um caminho, um processo em que o paciente experimenta quase que os mesmos sentimentos, mesmas etapas.
Costumamos lembrar, também, que se trata de um processo contínuo, pois mesmo que o paciente tenha alta (que ele mesmo se dá), o processo de cura e autoconhecimento vai até os últimos momentos da vida. Entendemos mais ou menos assim:
Momento inicial:
O paciente procura a terapia. Seja qual for o motivo, de sair de relacionamentos tóxicos até autoconhecimento, o paciente começa sua jornada assim. O rompimento com relacionamentos tóxicos é o início de tudo e o autoconhecimento é parte integrante, parte fundamental no processo. Manteremos o foco no que importa e a cosnciência no hoje, no agora, sem viver no futuro nem querendo voltar ao passado.
Tempestade
Neste momento o paciente apresenta, entre outras coisas, ansiedades, distúrbios do sono (uns dormem demais para fugir, outros não dormem para resolver), e ai começamos a entender nossos sentimentos e isso é perturbador.
Quando temos um vislumbre de quem nós somos e quais são nossos sentimentos, desejos recalcados, criamos os limites que impedem que tenhamos crises com uma grande facilidade, no entanto é comum o desespero, o choro, a raiva, tudo junto pelo processo que demoramos para iniciar. Pensamos na perda de tempo.
É neste momento em que entramos em um novo relacionamento: o amor a nós mesmos, e isso também nos afasta da sociedade, tudo por um bom motivo: autopreservação.
Aqui começamos a contemplação de nossa vida em particular, com a criticidade de um filósofo. Quais nossos traumas? Quais as situações que nos afetam, que afetam nossos relacionamentos? Será que temos jeito? Será que algum dia haverá um relacionamento em que exista um amor verdadeiro? Será que serei sempre maltratado? Normalmente aqui nosso relacionamento permanece conosco mesmo, evitamos outras pessoas.
Crise existencial
Entemos, no fim que tudo é consequencia de traumas e deixamos de fugir deles, passamos a abraça-los como sendo parte de nós. Encontramos as diferenças entre quem somos e quem o mundo nos tornou. Finalmente percebemos que não existe uma linha reta na vida, mas um sobe-e-desce eterno de sentimentos, emoções e que o autoconhecimento é um processo eterno.
Esteticamente, podemos também entender o processo da seguinte forma, mais técnica:
1. Estabelecimento da relação terapêutica: O processo começa com a construção de uma relação de confiança entre o paciente e o analista. O paciente deve se sentir à vontade para explorar seus pensamentos, sentimentos e memórias mais profundos.
2. Exploração do inconsciente: Durante as sessões, o paciente é encorajado a falar livremente, seguindo associações de pensamentos. Isso ajuda a trazer à tona conteúdos inconscientes que podem estar causando sintomas ou conflitos.
3. Identificação de padrões e mecanismos de defesa: Ao longo do tempo, o paciente começa a identificar padrões de pensamento, sentimentos reprimidos e mecanismos de defesa que podem estar contribuindo para seu sofrimento. Isso envolve a análise de sonhos, lapsos de memória e outros fenômenos psíquicos.
4. Conscientização e elaboração: Uma vez que os conteúdos inconscientes emergem, o paciente e o analista trabalham juntos para trazer esses elementos à consciência. Isso permite ao paciente compreender melhor suas motivações, traumas passados e conflitos internos.
5. Resolução de conflitos: Com a conscientização vem a oportunidade de resolver conflitos internos. Isso pode envolver a revisitação de experiências passadas, o processamento emocional e a integração de partes dissociadas da personalidade.
6. Mudança de padrões de comportamento: À medida que os conflitos são resolvidos e os padrões de pensamento são reestruturados, o paciente pode começar a notar mudanças em seu comportamento, relacionamentos e bem-estar emocional.
7. Autoconhecimento e crescimento pessoal: A psicanálise visa não apenas à remissão dos sintomas, mas também ao crescimento pessoal e à autocompreensão. O paciente pode ganhar uma compreensão mais profunda de quem ele é e do que o motiva na vida.
8. Encerramento do tratamento: O tratamento psicanalítico não é necessariamente de curta duração e pode levar anos. O encerramento ocorre quando o paciente e o analista concordam que os objetivos terapêuticos foram alcançados e que o paciente está em um estado emocional mais saudável e autônomo. Psicanalize-se!
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